Você sente azia, refluxo ou má digestão com frequência? E costuma resolver isso com algum antiácido ou “remedinho” que alivia na hora?
Se sim, é importante saber que essa prática pode estar colocando sua saúde em risco a longo prazo.
O que está por trás dos sintomas?
É comum encontrar em consultório pacientes com sintomas digestivos recorrentes. Muitos já fazem uso diário de medicamentos como antiácidos ou inibidores da bomba de prótons (os “prazóis”), por conta própria ou por prescrição médica.
Mas o que poucos sabem é que o uso contínuo desses medicamentos pode trazer efeitos colaterais importantes — e nem sempre o problema está no “excesso de acidez”.
Na realidade, diversos pacientes apresentam hipocloridria (baixa produção de ácido clorídrico no estômago), e não hiperacidez. Nesses casos, o uso de antiácidos pode agravar a digestão, e não resolvê-la.
Por que isso é um problema?
- Digestão inadequada:
A falta de ácido compromete a quebra eficiente dos alimentos. Isso permite que partículas maiores cheguem ao intestino, podendo ativar o sistema imune e gerar inflamação, alergias alimentares e desequilíbrios intestinais. - Deficiências nutricionais:
A acidez estomacal é essencial para a absorção de diversos micronutrientes. O uso prolongado de medicamentos que reduzem essa acidez pode causar deficiências de vitamina B12, cálcio e ferro, favorecendo quadros de anemia. - Desequilíbrio do microbioma gástrico:
O ambiente ácido é essencial para controlar a proliferação de microrganismos no estômago. Sua neutralização facilita o crescimento excessivo de bactérias, como a Helicobacter pylori, que está associada a gastrites e úlceras. - Risco aumentado de câncer gástrico:
Estudos recentes indicam que o uso prolongado de inibidores de ácido pode aumentar em até 2,4 vezes o risco de desenvolvimento de câncer de estômago.
O que fazer, então?
- Avaliar a causa real do sintoma com um profissional de saúde. Muitas vezes, ajustes na alimentação, sono, manejo do estresse e estilo de vida são suficientes para controlar os sintomas digestivos.
- Evitar a automedicação. O alívio imediato pode mascarar problemas mais sérios.
- Buscar uma abordagem funcional e individualizada, que avalie o sistema digestivo como um todo e trate a raiz do problema — e não apenas os sintomas.
Conclusão:
O uso recorrente de antiácidos e prazóis sem o devido acompanhamento pode gerar mais prejuízos do que benefícios. Se você sofre com sintomas digestivos, procure ajuda especializada para investigar as causas reais e cuidar da sua saúde de forma segura e eficaz.
